sábado, 22 de outubro de 2011

Quando a dor se tornou um alívio, foi meu sinal.


Não quero desfilar minhas marcas.

Essas marcas feitas durante uma dor interna, uma dor inexplicável, uma dor tão intensa que apenas a sensação de rasgar meus corpo aliviou.

Tantos anos me camuflando, me reinventando, montando personagens diarimente para ser perfeita em vista da sociedade.

Fui perfeita por anos, poucos viram meus reais defeitos, esses defeitos que escondi tanto que nem eu mais os vejo, mas estão aqui, saindo pelos meus póros, a forma que encontraram de eu poder lembra-los, cair na realidade e viver a vida como se deve, vivendo.

Depois de tantos anos, todas as máscaras que fiz perfeitamente para cada pessoa, cada ocasião, estão caindo, mas realmente, ninguém me conhece, todos conhecem minhas personagens.

Estou agora numa luta incansável em busca de quem realmente sou, pois minha real personalidade foi perdida ha realmente muito tempo, tanto tempo que não sei o que gosto, sei o que eles gostavam, e passei a gostar, não sei quem sou, sei quem eles eram, e passei a ser.

Fui guerreira, fui covarde, fui sexy, fui menina, fui vítima, fui vilã, já passei por todas as personalidades que se pode imaginar. Já mudei máscaras em apenas algumas horas. Já usei máscaras diversas simultaneamente. Já derrubei essas máscaras, mas a dor de arranca-las era tão forte que me dopava e me desligava num sono profundo, quase sem respiração, e ao despertar sem eu perceber já estava atuando.

Minha vida inteira foi um palco onde eu interpretei inúmeros personagens num monólogo longo, cansativo, ao mesmo tempo, intenso, diversificado, engraçado e na mesma cena colocava pitadas de tragédia, uma pessoa emotiva, romântica. No ato seguinte me vestia de pin up, sensualmente andando entre as coxias do meu palco, desfilando e exalando beleza e sensualidade.

Também pode-se dizer que foi um gigante quebra - cabeças, com pecinhas minúsculas, cheias de detalhes e cores, quando finalmente estava quase montado completamente, surgia algo, ou alguém que espalhava todas as peças.

Mas esse quebra - cabeças foi se tornando cada vez maior, mais complicado, mais difícil de juntar as peças, pois existem peças perdidas pelo mundo, por pensamentos que surgiam na insanidade, perdidas em becos escuros, em vielas mal frequentadas.

Já me fiz de troféu, incorporava a personagem perfeita para cada animal que passou pela minha vida.

Numa dessas apresentações, me veio algo divino, puro, que veio para me dar forças de buscar minha alma que esqueci onde deixei. Mas essa busca acabou com toda a minha energia, acabou com o que restava. Eu ainda tentei representar, tentei ser um personagem até pra essa pessoa que veio pra mudar minha vida.

Ainda tentei buscar em outros prazeres algo pra me sentir querida, até mesmo amada. Mas acabou que agora me sinto um méro objéto que irônicamente era exatamente esse o pacto. Mas eu mal sabia que ainda existe um pouco do meu eu verdadeiro dentro de mim, que me torna uma pessoa carinhosa, atenciosa. Mas mais uma vez represento, uma personagem oposto disso, uma mulher fria, calculista, perversa às vezes até maldosa.

Agora vou usar uma força que estou buscando do fundo de minhas entranhas, uma força escondida para dar esse passo em busca de mim. Meu último grito de socorro.

Finalmente percebi que sozinha não iria conseguir sair do fundo do poço que eu me enganava já ter saído. Agora com ajuda de pessoas que realmente me amam, um lugar distânte me espera.

Mais uma vez estarei no ciclo de vida de uma águia.

Não foi a primeira vez, mas o personagem que melhor sei interpretar é o da Fênix.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

retomando a essência


Tranquei a porta. Não só do meu quarto, mas a porta da minha alma. Mas por onde anda essa alma que sei que perdi?
Deixando sair as palavras que surgem, trancada dentro de mim mesma, caindo nas mesmas armadilhas, nos mesmos erros. Mas agora sei como escapar, é só não deixar fluir, literalmente cortar pela raíz.
Fugindo da realidade, sim, eu sei que estou. Mas sei que vou retomar o controle, isso está bem próximo.
Buscando algum espaço, lugar, condição para me centrar, focar, acreditar, seilá, enraizar-me talvez, mas vivo inconstante, mudando idéias, recomeçando incontáveis capítulos que se fecham em pequenos parágrafos.
Retomei a busca real da minha alma, sei que ela não está em mim, está perdida em algum lugar do passado, onde a deixei por instântes e nunca mais dei prioridade em busca-la.
É incrível como encontro músicas que descrevem perfeitamente o que eu estou vivendo:
"Mas eu sinto que eu tô viva a cada banho de chuva que chega molhando meu corpo...
A minha alma nem me lembro mais
em que esquina se perdeu
ou em que mundo se enfiou" (Déjàvu - Pitty)
Com alguns diagnósticos contraditórios, em suas descrições busco algumas respostas, e o pior que me identifico perfeitamente. Mas do nada começam a cair em contradições, começo senti-me hipócrita sobre o que acredito, sei lá se isso faz algum sentido, mas o que me fazia entender um pouco minhas insanidades privadas. tornam-se um tsunami de pensamentos destrutivos, melancólicos e depressivos.
Eu tenho consciência que faço coisas erradas, sigo por um caminho curto, que dura apenas uma noite, mas é nesse caminho que vejo realmente quem sou.
Mas quando o "efeito" passa, volto ao personagem que tomou conta do meu corpo, auquele sem forças pra seguir, alguém buscando socorro onde só há armadilhas e descontentamento certo, buscando da forma mais errada, buscando em fadigas, em horas incontáveis perdidas num sono que não descansa meu corpo e agita a mente ao extremo ao despertar.